JANEIRO

• Fiquei noiva da forma mais irreverente possível: fomos eu e então namorado pra um restaurante, ele perguntou se eu queria casar com ele, eu disse que sim, trocamos alianças, brindamos com vinho e ficamos tentando nos acostumar com o novo adorno o resto da noite. Só nós. Sem evento, sem família, sem pompa. Do jeito mais lindo e íntimo que um pedido de casamento poderia acontecer.

• A experiência de morar junto foi tomando forma. Eu fui aprendendo aos poucos, bem aos poucos mesmo, que toalhas não secam emboladas em cima da cama e que os papeizinhos do absorvente não caminham sozinhos pra lixeira do banheiro. O plano era que o armário de 6 portas fosse dividido, ou seja: 3 pra cada um. Com o tempo eu fui ocupando uma 4ª porta assim, sem perceber, quando vi, já tinha um monte de coisa minha na porta 4, do nada, não sei explicar, coisas da teoria da geração espontânea, gente! Noivorido desistiu de brigar por isso. Foi quando eu comecei a colocar alguns sapatos meus na sapateira dele. Não sei se ele já percebeu portanto, sejam discretos.

• Aquela velha luta contra a balança seguiu, só que dessa vez eu comecei ganhando. Foco. Foco!

• Finalmente nosso lar de 30 m² ganhou uma mesa de 6 lugares. A tábua de passar permanece pendente, mas a faxineira não! Amém.

• Quebrei o paradigma prometido e agora acendo o forno sozinha, sem a ajuda dos universitários. Mas subir em escadas e banquinhos ainda vai demorar um pouco, me falta confiança, equilíbrio, força de vontade. Enfim. Fica pra próxima.

FEVEREIRO

• completei 26 anos. Não gosto muito de números pares.

MARÇO

• segui vencendo as batalhas com a balança, lenta e progressivamente.

• Ao contrário do que eu tinha prometido a mim mesmo e ao resto do Brasil, acabei voltando a estudar. À distância, porque eu não nasci pra freqüentar salas de aula, sou autodidata.

• vi o quanto a vida de mulé moderna é foda, foda, foda. Tanto no sentido bom quanto ruim. E eu nem tenho filho. Ainda.

• viajei pra praia e só choveu. Choveu. Choveu. Então eu tive oportunidade de conviver de perto com as pessoas. E conviver de perto com pessoas nunca acaba bem. E então eu quis muito meus amigos. MEUS! * faz bico *

ABRIL

• fui pra Fortaleza, onde não choveu, claro. A não ser no ultimo dia, às 4h da manhã, enquanto íamos pro aeroporto. O carro apagou no meio do rio da rua e boiou, boiou, à deriva. Os meninos do carro desceram pra empurrar a canoa o carro e depois trocaram de roupa no saguão do aeroporto. Até hoje fico me perguntando se aquela cena bizarra aconteceu de fato ou se foi coisa da minha mente ainda sonolenta.

• finalmente arrumei uma nutricionista, só que na véspera da páscoa, porque eu nunca faço nada direito.

MAIO

• o papa nazista esteve aqui. Se eu fosse presidente ele sequer telefonaria.

JUNHO

• eu achei, pela enésima vez no ano, que estava grávida.

JULHO

• Não estava grávida. E não sei se era verme, porque não tenho coragem de tomar remédio. Vai que é?

AGOSTO

• noivorido respondeu um ‘bom dia’ meu com um peido e eu fui pra Floripa com as amigas. O avião não caiu, eu não morri, então não teve enterro. Mas nunca mais na minha existência planetária viajo pela BRA.

SETEMBRO

• minha psicóloga nutricional tirou o glúten da minha vida, o que aguçou meus instintos assassinos e eu matei o TPQ.

DEZEMBRO

• fiquei com saudades do TPQ.

• não passei ano novo na praia, mas a festa de ano novo foi playboy e eu usei um vestido metal balonè, tipo aqueles que usava quando tinha uns 8 anos, ou seja: estou vendo a moda voltar. Tô velha, manja? Essa é que é a verdade. Quando uma pessoa começa a achar que pessoas de 30 anos são jovens, é porque elas estão chegando aos 30 e não se enxergam.